Esse campo obrigatório não poderia ficar em branco.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Poema ll

 Não quero saber de
Schopenhauer
E nem ver as fotografias
de Sebastião Salgado.

Não quero ouvir
Chico Buarque falar
Sobre os pobres
Em um show de 600 reais.

Eu quero sentir o nada
Que existe nas luzes amareladas
[que continuam acesas na madrugada.

Quero que o olhar parado
Do trabalhador da fotografia
Brilhe olhando para mim
-Carne e osso-

Eu quero ouvir o canto
Da lavadeira e escutar
As dores de uma Geni.

Eu quero sair da minha poesia.

Eu quero viver a minha poesia
Ser
Respirar e
Sentir
A humanidade


Em mim.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Marginália


Toda a podridão do mundo
me consome.

Tudo o que é feio
O que da nojo
E o que é errado.

Há certa poesia nas ruas,
nos becos,
nos bueiros
e embaixo dos túneis
[com suas luzes amareladas.

Há certa poesia
nos inícios de manhãs de feira
e nas ruas vazias
dos dias santos.

Eu sinto que essa
''certa poesia''
é a poesia certa.

E que não há poema de amor
mais bonito
que a fala
de um andarilho.

Gi.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Poema de ônibus na volta para casa




Hoje vi uma criança que colhia um dente-de-leão.
Que o colhia em um mato que cresceu
[Em uma escola pública.
Eu olhei para ela e vi uma criança.
Uma criança que apanhava uma flor.
Vi humanidade.

E me veio à cabeça
Uma outra criança que um dia
Eu havia visto.

Era uma pessoinha
Que com seu esquadro de metal
Desenhava uma flor rebuscada em seu caderno.
Entre pisos e azulejos 
[De uma escola protegida e particular.

O que não entendo 
É que na segunda criança
O que eu vi foi, 
Quem sabe, 
Um futuro arquiteto ou engenheiro.

Talvez sem nenhuma humanidade.

Gi.

terça-feira, 14 de maio de 2013



Quero a calçada, a rua e a podridão.
De nada me interessa um muro com
[uma cerca elétrica.
De nada me interessa o materialismo dialético,
A moral kantiana. O inconsciente coletivo.
Nada quero das filosofias. Nada quero do saber.

Quero ruas que fedem a mijo.
Um papel que limpe o catarro da criança birrenta.
A chuva ácida que corrói uma estátua
E reconstrói minha alma.
Quero. Não almejo e nem anseio, só quero.
O cantar de uma missa,
O choro de uma puta,
O riso de um bêbado
E as confidências do andarilho.

Quero a poesia vivida;
Não um livro.
A realidade que me cerca;
Não um vernissage surrealista.
Quero o niilismo.
A podridão.
O concreto.

De nada me interessa
A minha própria poesia.

domingo, 10 de março de 2013

Poema para Maria



A metafísica 
dos teus olhos
me encanta;
minha pequena.

Quando ignoras 
todos os axiomas
postulados
e me diz que
um retângulo é quadrado;
encanto-me, pequena.

O que é isso?
O que é verde?
O que é azul?
-Me perguntas.
E eu, perdida entre
[as físicas, químicas e poesia,
respondo-lhe simploriamente.

E com todos os quês
matutando em sua cabeça, 
você adormece.

E me encanta.
Pequena.

Poesia e fotografia: Gi.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Opostos




Força de atrito.
Equação de primeiro grau.
Darwin e Lamarck.
Marx e Durkheim.
Paleolítico, neolítico.
Fórmula de Pitágoras.
Adjuntos adnominais.
Choses, things, cosas, coisas.

Fome que tritura.
Pobreza de primeiro grau.
Diarréia e malária.
Morte e decadência.
Prostituição, neofaltas.
Fórmula da desilusão.
Anemias adnominais.
Sentimentos.

E ainda se importam mais
Com o status quo
[que a primeira estrofe
[traz.


 Gi.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Insuficiência temporal


Hoje já é o amanhã de ontem
o ano que vem do ano passado
e eu ainda
planejo.

Agora já não é mais
e eu ainda 
não fui ser feliz.

Estou acumulando um capital trivial
[de um ciclo sem fim, 
para poder viver
e poder levar a vida
e poder um dia parar.
(Enquanto isso? -Não vivo.)

Mas a vida já é
e pode já não ser.
BANG
pra 
quê?

Gi (Poema/Fotografia)

sábado, 21 de abril de 2012

Cotidiano


 Pássaros cagando
nas cabeças 
dos advogados,
dos médicos
e dos engenheiros.

Putas se oferencendo
de dia.
Na avenida principal.

E pedreiros dando em cima
de crianças que passam, 
indo para a escola.

Vacas peidando;
e aquecimento global.

Gi.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Homo Demens


Quanto mais os homens falam, menos fazem sentido. Inventam milhares de coisas para preencher o vazio que é a vida... Mas de nada adianta. Essa mania desesperadora de procurar algum sentido onde não há, e nunca houve, nenhum. Mania de consumir, consumir, consumir, criar, deixar e... Morrer. Mania de ter medo da morte e de viver adiando tudo, tudo que pode. Manias humanas...
Porque não nasci pássaro? 

Gi.
Foto e texto.